Hoje estava em casa, fazendo algo que não me lembro mais o que era, quando ouvi um alto-falanta exclamando: "Olha o carro da melancia na sua rua! Alô freguês! Alô freguesia! É melancia e abacaxi, é abacaxi e melancia!". Aquele simples anúncio me fez parar pra pensar nos inúmeros brasileiros que vivem de vender seus serviços pelas ruas da cidade, quase que de porta em porta.
Me lembro que quando tinha uns 12 anos, na época da Copa de 1994, colecionava as figurinhas da referida Copa. Acontece que não dispunha de "verba" pra comprar todos os milhares de pacotes de figurinhas necessários pra tirar algumas específicas que pareciam nem ter sido produzidas!
Certa vez fui pedir dinheiro pro meu pai e ele disse: "Por que você não vende umas garrafas e compra as figurinhas?" Vender garrafas? Peraí, alguém compra garrafas? Compra. Era a figura do garrafeiro, que até então passava pela minha rua sem despertar minha atenção. Nessa época consumíamos muito um refrigerante aqui de MG chamado Mate Couro, comercializado em garrafas destas de cerveja. Comprávamos no supermercado e, após consumido o líquido, a garrafa ficava lá, enchendo a área de serviço. Decidi então tentar.
Fui até a rua e perguntei ao garrafeiro se ele teria interesse em adquirí-las. Ele disse que sim. Foi comigo até minha casa e analisou garrafa por garrafa, minuciosamente, em busca de trincas ou outros defeitos. Após a análise resolveu ficar com todas! Não lembro quanto me pagou mas lembro que fiquei super satisfeito! Corri na banca e comprei tudo em figurinhas (cuja grande maioria veio repetida). Aquilo era um achado! Separava garrafas a semana toda e num dia em que o garrafeiro passasse eu as vendia. Ficava de ouvido atento. Nunca mais o garrafeiro passou despercebido pela minha rua.
Outro que sempre me chamou a atenção é o amolador. Não tanto pelo serviço, que nunca usei, mas pelo seu modo peculiar de chamar o freguês. Era sempre assim: "Amooolaaaadoooor.... Amoooloooo faaaaacaaaa, teeeesooooouuuraaaa, alicatedeunha!" Nunca entendi o porque da demora nas primeiras palavras e a velocidade com que dizia "alicatedeunha"! Parecia uma palavra só! Ah, e ainda tinha o apito. Anos depois outro amolador passou pela minha rua (já em outro bairro) e gritou da mesma forma... Das duas uma: ou era filho daquele amolador de anos atrás, que aprendeu o ofício com o pai, ou tem algum lugar onde ensinam os amoladores a gritar!
O famigerado carro da pamonha só conheço da televisão! Nunca vi (ou ouvi) um carro da pamonha passando. Acho que o comércio de pamonha no meu bairro não anda muito aquecido... Melancia deve vender mais... E por falar em melancia, não comprei nenhuma, mas levei 5 abacaxis por R$5,00! Uma pechincha! Agora pra que eu não sei! Nem gosto tanto de abacaxi... Maldito poder da propaganda!
Um comentário:
Eu conheço o carro da pamonha! E do biscoito da roça também! Esse último também vendia ovos :)
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