30 de jun. de 2011

Frases antológicas: Eduardo Galeano

Eduardo Hughes Galeano é um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História. Entre suas obras destaca-se "As Veias Abertas da América Latina."


Frases:

"Vida cigana. As coisas me acompanham e vão embora. São minhas de noite, perco-as de dia. Não estou preso às coisas; elas não decidem nada".

"A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo".

"Tenho saudades de um país que ainda não existe no mapa."

"A realidade dá os cursos práticos, A TV se encarrega da teoria".

"A história passada está de pernas para cima porque a realidade anda de cabeça para baixo. E não apenas no sul da América: também no Norte. Quem, nos Estados Unidos, não conhece Theodore Roosevelt? Este herói nacional predicou a guerra, e a praticou contra os fracos: a guerra, proclamou Roosevelt, purifica a alma e melhora a raça. Portanto, recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Em compensação, quem conhece, nos Estados Unidos, Charles Drew? Não é que a história o tenha conhecido, simplesmente jamais o conheceu. No entanto, este cientista salvou muitas milhões de vidas humanas, desde que suas pesquisas tornaram possíveis a conservação a transfusão de plasma. Drew era diretor da Cruz Vermelha nos Estados Unidos. Em 1942, a Cruz Vermelha proibiu a transfusão de sangue de negros. Então Drew se demitiu. Drew era negro."

"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa."

"A chuva que irriga os centros de poder imperialista afogas os vastos subúrbios do sistema. Do mesmo modo, e simetricamente, o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominadas para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga."

"A liberdade de eleição permite que você escolha o molho com o qual será devorado".

"A liberdade de mercado permite que você aceite os preços que lhe são impostos".

"A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la."

"Somos o que fazemos, principalmente o que fazemos para mudar o que somos."

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".

"A televisão, essa última luz que te salva da solidão e da noite, é a realidade. Porque a vida é um espetáculo: para os que se comportem bem, o sistema promete uma boa poltrona".

"A beleza é bela quando pode ser vendida. A justiça é justa quando pode ser comprada".

"O poder encolhe os ombros: quando este planeta deixar de ser rentável: mudo-me para outro".

"Um menino de três anos, chamado luca, comentou um dia desses: 'o mundo não sabe onde está sua casa'. Ele estava olhando o mapa. Não estava olhando o noticiário".

" O que são as pessoas de carne e osso? Para os mais notórios economistas, números. Para os mais poderosos banqueiros, devedores. Para os mais influentes tecnocratas, incômodos. E para os mais exitosos políticos, votos".

"O que seria da realidade sem a publicidade que a mascara?".

"Na América Latina, a liberdade de expressão consiste no direito ao resmungo em algum rádio ou em jornais de escassa circulação. Os livros não precisam ser proibidos pela polícia: os preços já os proíbem".

"Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca".

"Um refúgio? Uma barriga? Um abrigo onde se esconder quando estiver se afogando na chuva, ou sendo quebrado pelo frio, ou sendo revirado pelo vento? Temos um esplêndido passado pela frente? Para os navegantes com desejo de vento, a memória é um ponto de partida".

"O Uruguai se reduziu a um banco, com praia e umas vaquinhas em volta."

"No manicômio global, entre um senhor que julga ser Maomé e outro que acredita ser Buffalo Bill, entre o terrorrismo dos atentados e o terrorrismo da guerra, a violência está nos arruinando".

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