3 de fev. de 2009

A Construção do Gosto

Mais uma sugestão literária. Fui presenteado recentemente com "A Construção do Gosto", de Maurício Monteiro. De leitura extremamente fácil e prazerosa o livro nos apresenta a construção do gosto musical na sociedade de corte do Rio de Janeiro entre 1808 e 1821. Um trabalho incrível e primoroso. Por acreditar que o maestro Júlio Medaglia conseguiu expressar bem a realidade do livro, seguimos com seu comentário:


"A literatura musical em nossa língua acaba de ser enriquecida com a publicação deste A Construção do Gosto, de Maurício Monteiro. Embora um trabalho baseado em tese universitária, nota-se uma linguagem fluente e agradável – quase um roteiro cinematográfico… – pelos inusitados caminhos que trouxeram novas sonoridades a uma importante fase de nossa história, a do Brasil do início do século XIX: época da chegada da corte portuguesa, período pré-independência. O dado excitante que nos oferece essa obra provém da própria natureza de seu conteúdo. Bem diferente do que seria mostrar a influência do brilhantismo instrumental barroco italiano na Música da Europa Central ou a invasão dos maneirismos operísticos italianos na criação dramatúrgica francesa do século XIX, todos os fenômenos artísticos que transitaram num mesmo continente e em universos socioculturais semelhantes, esse trabalho descreve a chegada de uma sofisticada estética musical em um mundo tropical, repleto de cobras e lagartos pelas ruas, estas imundas freqüentadas por escravos – a maioria da população, diga-se de passagem – para os quais a música era pouco mais que percutir tambor e murmurar alguns lundus."

Sobre o autor: Maurício Monteiro fez mestrado e doutorado na USP, onde desenvolveu trabalhos voltados para a música no Brasil. É professor da Universidade Anhembi Morumbi e do curso de pós-graduação em Cultura e Arte Barroca da UFOP. Trabalha ainda como comentarista, produtor, diretor e entrevistador da Rádio Cultura FM de São Paulo. Tem participado como pesquisador convidado em colóquios sobre História das Sensibilidades da École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris.


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