Uma das coisas que mais me intrigava na Bahia era o Filhos de Gandhy. Porque um afoxé baiano faria referência ao líder indiano? Nunca havia compreendido bem... Até então. Para os que também gostariam de conhecer a história deste que é um dos mais tradicionais afoxés baianos, segue um breve resumo obtido no site do próprio.
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"Em 1948 os estivadores eram tidos como privilegiados, dadas às condições econômicas da época que lhes favorecia e ao fato de não terem patrões. O trabalho era fiscalizado pelo próprio sindicato dos estivadores, o que lhes conferia um certo status. Data desse ano a fundação do bloco "Comendo Coentro", composto de um caminhão em que se instalaram vários instrumentos musicais, seguido dos estivadores, trajados finamente com o que de mais elegante existia: roupas de linho importado, chapéus "Panamá" e sapatos "Scamatchia". A festa era regada a muita comida e bebida e os estivadores chegavam a alugar barracas para a farra carnavalesca. Em 1949 com a política de arrocho salarial, numa verdadeira economia de pós-guerra, o Governo Federal interviu nos sindicatos, inclusive no sindicato dos estivadores, o que fez decair a renda dos sindicalizados. O "Comendo Coentro" não pode sair às ruas devido à crise financeira que se abateu sobre os estivadores e porque eles não queriam desfilar em condições inferiores as do ano anterior. Surgiu, então, a idéia de levar um "cordão", ou bloco de carnaval, idealizado por Durval Marques da Silva, o "Vava Madeira", com o apoio dos demais estivadores arrecadaram dinheiro e foram às compras, adquirindo lençóis para serem utilizados na confecção dos trajes, barris de mate e couro, com os quais construíram os tambores utilizados no acompanhamento do cortejo. O nome do bloco foi sugerido por "Vava Madeira", inspirado na vida do líder pacifista Mohandas Karamchand Gandhi, trocando-se, entretanto, a letra "i" por "y", com a intenção de evitar possíveis represálias pelo uso do nome de uma importante figura do cenário mundial. Batizou-se então o bloco com o nome "Filhos de Gandhy"."
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Em 1951 o bloco foi transformado em afoxé, por terem sido introduzidas músicas afros e o Camdomblé como orientação religiosa. Desde então o bloco traz a tradição da religião africana ritmada pelo agogô nos seus cânticos de ijexá na língua Ioruba.
Tradicionalmente a 'fantasia' dos "Gandhy" contém, além do turbante e das vestimentas brancas, um perfume de alfazema e colares com contas azuis e brancas.
O bloco, que em 2009 completa 60 anos, já conta hoje com mais de 10.000 associados.
Para mais informações acesse: http://www.filhosdegandhy.com.br/
Um comentário:
Opa se é Marques da Silva é nois.Rs eta sobrenome comum principalmente na Bahia.
Bom nesses ótimos posts estpu aguardando o post sobre o Ilê o pai do black power baiano
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